Desde o início da formação da Terra, os continentes já ocuparam vários locais, acompanhados de vários oceanos, e as placas tectónicas não ocupam, desde os primórdios da Terra, os mesmos locais. Mas como é que os continentes se separaram? Como é que, ao longo da história da Terra, os continentes mudaram tanto a sua morfologia e a sua localização?
O planeta Terra é um planeta tectonicamente ativo sendo evidente, através das alterações do planeta, o dinamismo que lhe está subjacente. Os dados paleomagnéticos existentes são abundantes o suficiente, sendo possível reconstruir o movimento dos continentes ao longo dos últimos anos 500-600 MA. A partir destas reconstruções, tornou-se evidente que as massas continentais foram anteriormente supercontinentes que “quebraram” e se organizaram numa configuração diferente, para formar outro supercontinente .
John Wilson, defensor da teoria de expansão e contração do planeta, ao estudar o crescimento da crusta oceânica na Islândia comprovou a hipótese de expansão dos fundos oceânicos. Posteriormente, Wilson propôs que uma bacia oceânica tem uma vida útil com várias etapas : começa com a abertura inicial, e , em seguida, passa por uma fase de ampliação antes de começar a fechar e sofrer a sua destruição. Esta teoria explica o ciclo de ruptura continental e a sua reformação, e ficou conhecido como o Ciclo de Wilson em sua honra.
Desde que se forma um supercontinente até que se venha a formar outro decorrem, em média, 500 MA dependendo da configuração que as massas continentais têm. Admitindo que esta estimativa é correta, então, dado que Pangeia se formou há cerca de 300 Ma atrás, o próximo supercontinente deve começar a formar-se dentro de 200 MA.
Várias fases foram identificadas para o Ciclo de Wilson , e todas estas fases pode ser reconhecidas em diferentes partes da Terra atualmente.
A primeira fase , chamada de fase embrionária, envolve elevação crustal e extensão das áreas continentais com a formação de vales de rift em cratões estáveis.
O Cratão Estável (A), sem atividade sísmica e vulcânica, através de um sistema de falhas normais, sobre a injecção de magma basáltico através de um Hot Spot, formando um Rift continental (B)
Esta fase encontra-se patente no Rift Valley Africano.
Rift Valley Africano
O estágio jovem envolve a evolução dos vales de rift, que injetam magma basáltico, entre os segmentos continentais.
A constante injecção de magma basáltico pelo Hot Spot leva a que a placa continental se parta e se forme placa oceânica entre as duas placas continentais (C).
O resultado é um mar estreito como por exemplo o Mar Vermelho, que se abre entre a África e a Arábia.
Mar Vermelho
O estágio maduro é exemplificado pela ampliação crescente da bacia e o desenvolvimento contínuo de um grande oceano rodeado por plataformas continentais e com a produção contínua de nova crosta oceânica, como acontece no Oceano Atlântico.
A constante extrusão e magma leva a que os continentes se afaste devido à formação de crusta ocêanica, formando um limite divergente (D).Oceano Atlântico é ainda considerado um oceano em expansão.
Eventualmente, este sistema em expansão torna-se instável e, longe da dorsal, a litosfera oceânica mais antiga quebra e mergulha para a astenosfera, formando uma zona de subducção. Estas zonas encontram-se presentes ao largo do Pacífico – Anel de Fogo do Pacífico. Nesta zonas passam a estar associados arcos insulares (Filipinas) ou vulcânicos (Andes). O aparecimento de zonas de subducção no contorno das placas, marca a fase de subducção do ciclo.
(D) A crusta oceânica quebra e, devido às densidades, a crusta oceânica, num limite oceano-continente, é subductada ou, num limite oceano-oceano, é subductada a placa mais antiga.
A Fossa das Filipinas forma-se devido à colisão entre a Placa das Filipinas e a Placa de Sunda, dado origem a um arco insular. A Fossa Peru-Chile tem origem na colisão da Placa de Nazca com a Placa Sul Americana formando um arco vulcânico.
Esta fase vai ocorrendo até que é superada a formação de nova crosta no limite construtivo – rift – e o oceano começa diminuir o seu tamanho. Nesta fase arcos insulares ou continentes tendem a colidir e formar novas cadeias montanhosas.
A etapa final ocorre quando toda a crosta oceânica, entre as massas continentais, foi subductada, e os continentes juntam-se ao longo de uma zona de colisão, como está a ocorrer nos Himalaias. Finalmente, o limite de placa torna-se inativo , mas o local da junção - sutura - entre as duas massas continentais, é uma zona de fraqueza na litosfera que tem o potencial para se tornar o local de um novo rift assim que a montanha volta a ser um cratão estável.
Quando a placa oceânica é totalmente subductada as massas continentais aproximam-se acabando por colidir quando o oceano fecha.
Os Himalaias resultaram ( e resultam! ) da colisão entre a Placa Indiana e a Placa Euroasiática